quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Pecadores Amadores

Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. ( Rm 3.23)


Um bom tratamento médico tem inicio depois de relatarmos detalhadamente ao especialista todos os sintomas que nos afeta. Pra falarmos de salvação devemos seguir essa ordem. Primeiro analisamos a questão do pecado e ai sim, a salvação.

É preciso estabelecer a universalidade do pecado. Depois, dividir esse universo em três categorias. A proposta aqui é tão somente reflexiva.

1) Todos pecaram!! Aqui está a universalidade do pecado.

... não há um justo sequer. (Rm 3.10)

...não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus

...todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há um só. ( Rm3.11-12)

2) O universo do pecado em três categorias.

a) inexperiente

b) amador

c) profissional

a) Inexperiente

Eis que em iniqüidade fui formado, e em pecado me concebeu minha mãe. (Salmo 51.5)

“A iniqüidade impregna o espírito do ser humano no instante em que o embrião é concebido. É neste momento que toda esta informação da herança espiritual da maldade se estabelece nele.”

Somos concebidos em iniqüidade. A criança é uma pecadora inexperiente.



Os efeitos da irradiação do pecado na mente desse bebê será apenas uma questão de tempo e todo desequilíbrio comuns aos homens regerá esse ser ainda indefeso.

Permita-me empregar o termo inexperiente (nunca sinônimo de justificação),

pois é o mínimo que posso aplicar pra distinguir um terrorista de um recém nascido. Somente o Criador tem ciência exata do momento que um pequenino avança para a próxima fase.

b) Amador

Essa categoria só faz sentido, depois de definirmos os profissionais do pecado.

Como a área de atuação dos amadores não perturba a segurança publica e em tese contribuem na construção de uma sociedade mais saudável, vou dedicar um espaço exclusivo a ela. Mas posso adiantar que das três categorias, os amadores são os que mais tem dificuldade de entender o novo nascimento.

c) Profissionais

Aqui se encaixa todos os que assumem e defendem publicamente um comportamento “alternativo”, que direta ou indiretamente o senso coletivo reprova.

De uma ponta á outra, há níveis diferentes de resistência com essa categoria.

O próprio código de conduta do crime garante pena capital para o estuprador, por exemplo.

Nos dias de Noé temos tanto a universalidade quanto a profissionalização do pecado em escala máxima, experimentando o juízo divino.

Sodoma (sodomia – ativo na relação homossexual) e Gomorra são outros dois exemplos de profissionalismo no ramo do pecado.

A bíblia não se furta quando o assunto é a profissionalização do pecado. Encontramos pelo menos três listas básicas no Novo Testamento que coloca os pingos em alguns “ís” sobre práticas condenáveis aos olhos do Criador.

(1ª) lista, Rm 1. 18-32 - (2ª) lista, Gl 5.19-21 - (3ª) lista, 2 Tm 3. 1-6

Já na primeira lista há uma advertência de morte tanto para os que praticam quanto para os que defendem tais práticas. O pecado imbecilizou a raça humana numa escala última. Só podemos ter uma insignificante noção do estrago causado pelo pecado, através do preço pago. Assim como não podemos mensurar o valor pago na cruz, também somos incapazes de estabelecer o impacto maligno da queda humana.

Se comparadas as categorias (inexperiente, amadora e profissional), a que mais produz visivelmente danos pra sociedade, indiscutivelmente é a terceira. Prostituição disseminando doenças e danos familiares, violência produzindo medo e morte, corrupção gerando injustiça e em fim ... um astronômico ciclo de males interligados .

3) AMADOR

Que são?

Aqui se esconde um individuo comum, “previsivelmente” rotineiro e na sua grande maioria, religioso praticante.

Onde atuam?

Nas igrejas.

Jesus passou boa parte do seu ministério advertindo os discípulos sobre a malignidade dos pecadores amadores. Muitas das parábolas do Senhor jogam luz sobre esse mal tão “bem” elaborado ou esse “bem” tão mal executado.

O filho pródigo é um clássico exemplo de alguém que se profissionalizou na “arte” do pecado. Seu irmão mais velho (amador) resmungou sobre isso; ...esse cara gastou todo seu dinheiro com a prostituição... , ...e eu nunca transgredi nenhum dos teus mandamentos... disse o bom moço.

Aqui se encontram duas categorias; profissional e o amador. De um lado, aquele que experimentou o fundo do poço e do outro, um que nunca saiu de dentro da igreja. Quais são as duas grandes advertências que a parábola nos traz?

1- O grande e incomparável amor do Pai para com o pecador arrependido

2- Diante de Deus não existe distinção entre amador (aquele que nunca pisou numa calçada de um prostíbulo) e a garoto de programa (profissional). Todos somos igualmente transgressores.

O problema com os amadores é justamente a certeza de que facilitaram as coisas pra Deus no momento da “salvação”. Como nunca roubaram, injustiçaram ou adulteraram isso impede que se vejam “pecadores” como de fato são. É o que mostra a parábola abaixo;

Dois homens subiram ao templo, a orar; um fariseu, e o outro publicano.

O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: ó Deus, graças te dou, porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.

O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, tem misericórdia de mim pecador!

Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado. Lc 18.10-14

“Os sãos não necessitam de médico e sim os doentes.” Esse verso é outra advertência assustadora de Jesus aos pecadores amadores de plantão. Já que não se acham tão doentes assim, rejeitam a dose exata da graça. Onde o pecado abundou a graça superabundou. Recebe superabundante graça quem admite ter sido um grande pecador – um pecador profissional. Para os amadores, pecado mesmo são os catalogados nas três listinhas que vimos acima. Quem não estiver relacionado nelas está fora de perigo. Desde que se mantenham atuando nas atividades regulares da igreja local.

Evangelismo;

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós. Mt 23.15

Contribuições;

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Mt 23.23

Consagração

E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mt 6,16

Aparência

Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. 2 Tm 3.5

E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largas filactérias, e alargam as franjas dos seus vestidos.Mt 23.5

Oração

E, quando orares, não sejas como os hipócritas: pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mt 6.5

Ajuda ao próximo

Quando pois deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mt 6.2

Corbã era um voto de contribuição extra. O olhar de Cristo é tão maravilhoso que descobriu a malignidade por traz de uma bondade. Alguns judeus arranjaram essa nova modalidade de malignidade travestida de piedade. Para não serem acusados de negarem auxílio aos seus pais, esses crentes juravam a corbã, ou seja; “não posso ajudar meus pais porque jurei uma ofertar especial pra igraja...”

Porém vós dizeis: Se um homem disser ao pai ou à mãe: Aquilo que poderias aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao SENHOR;Nada mais lhe deixais fazer por seu pai ou por sua mãe, (Mc 7.11-12)

4)Conclusão;

Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente: oxalá foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca. Ap 3.15-16

Nem inexperiente nem profissional... mas amador!!

Você não é pecador porque peca, mas peca porque é pecador! Aqui está o x da questão. Aquele que disser que não peca é mentiroso, diz a Bíblia. Sabemos muito bem que Adão não pecou porque mentiu, praticou bestialidade, encheu a cara, teve inveja ou furtou. Pecou porque desobedeceu a Palavra do Criador.

A primeira ação do Espírito Santo ao se “aproximar” do homem é convencê-lo do pecado. Porque se não fosse nessa ordem não saberíamos do que exatamente fomos salvos. Muitos dirão ao Senhor naquele dia; em Teu nome expulsamos demônios, profetizamos e fizemos prodígios... mas ouvirão do Juiz; ... nunca voz conheci.

Esses “muitos” viveram engajados em causas religiosas, passaram longe das baladas dos pecadores profissionais. Diferente do pecador ao lado de Cristo na cruz, que durante sua vida assumiu publicamente ser um pecador profissional e no último minuto reconheceu ser merecedor da pena capital. Esse nem orou a Jesus, apenas confessou ser pecador e reconheceu a Cristo como Rei e foi salvo.

Me parece que para Simão Pedro a questão do pecado ficou definitivamente clara após ter cortado a orelha do policial e ter negado Jesus três vezes publicamente. Mas antes disso o Senhor já tinha dito a Pedro; “quando você se converter confira a teus irmãos”. Com isso fica evidente que não é o mal que praticamos ou o bem que deixamos de praticar que nos torna pecadores, e sim o fato de sermos descendentes de Adão.

O melhor a fazer é tomar o exemplo do apostolo Paulo que muito depois de sua conversão declarou-se o principal dos pecadores e indigno de ser chamado apostolo.

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